29 de setembro de 2004

QUE DIABO DE MANEIRA DE SER POLÍTICO (in cauda venenum)

As páginas 6 e 7 do jornal Público de 04.09.22 formam um conjunto notável sob vários aspectos quanto aos conteúdos dos artigos inseridos, embora na presente oportunidade apenas me apraz sublinhar contradições.
No escrito pelo Ministro do Ambiente sobressai uma seriedade de propósitos que por não ser usual nos políticos é digna de reparo, embora – por ser escrito por um ministro – não deixe de ser lamentavelmente ingénuo;
No subscrito pelo jornalista e licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras do Porto, Joaquim Fidalgo, sobressai uma ironia que só não classifico de invejosa por acreditar que ela não existe no carácter deste jornalista, embora o que foi escrito pudesse ser dito dum modo menos contundente para o visado a quem não é justo culpá-lo por uma situação não criada por ele mesmo.
No artigo “A Floresta de Enganos de António Barreto”, subscrito pelo Prof. Pedro Teixeira da Faculdade de Economia do Porto, atribui a António Barreto a intenção de arranjar um “bode expiatório” fácil, embora reconheça o mal que se tem feito na educação em Portugal, para de seguida espraiar-se em considerações apenas com o intuído de ilibar a Esquerda das culpas que lhe foram assacadas por António Barreto;
Na coluna de Eduardo Prado Coelho – doutorado em Teoria da Literatura – me parece algo criticável o recurso que usou para pôr em cheque o ministro Nobre Guedes, recorrendo à expressão: “Enviaram-no para uma pasta, a do Ambiente, em que não se lhe conhecia a menor preparação.....” Será que o doutoramento em Teoria da Literatura e os vários cargos em que o Prof. Prado Coelho tem sido investido são de molde a conferir-lhe a autoridade bastante para partir do princípio que cada ministro deva ser um expert em todos os assuntos da sua “pasta”?
Curioso é também a coincidência de três indesmentíveis ataques à direita terem sido publicados em páginas contíguas de modo a que quem abra o jornal se depare de imediato com todos os artigos. Há muitas coincidências deste género.
Aliás de há muito que parece existir uma estratégia de pressão constante contra o governo de modo a atingir-se o desidrato daquele velho adágio: “Água mole.....”

27 de setembro de 2004

A PRESSA

Vivemos num mundo em que não mais se tem paciência para esperar seja o que for; num mundo que estimula cada um a ser rápido e passar à frente ao mais ínfimo tempo de espera. Cheios de pressa e ansiosos por atingir os objectivos, já não se sabe se alguns dos vulgares dispositivos tecnológicos apareceram em consequência daquela pressa, ou se esta resultou da oferta daquelas tecnologias...
Certo é que “pressionar um botão” facilitou extraordinariamente a obtenção dos objectivos a ponto de até os menos atingidos por este mal já não terem paciência para esperar que alguém demore algum tempo a fornecer o que desejam, ou, sequer, para ouvir o que se tem para lhes dizer. Se instalassem nas tais máquinas (refrigerantes, preservativos, etc.) um contador de murros e de ponta pés, ou se os responsáveis estivessem mais atentos ao que se passa com as crianças e adolescentes, veriam que há motivo para preocupação. Já nem os mais velhos são capazes de fazer com que a mente acompanhe os avanços científicos e tecnológicos e, muito menos, que possam dizer que estão a par seja do que for, embora vivamos num mundo que nos sufoca com Informação de toda a ordem, ainda que, quase sempre, eivada de superficialidade porque quem a divulga também padece do mesmo problema.......
Não sei se o que está a acontecer é maléfico para a sociedade, mas suponho que sim porque o cérebro não é “artigo” que se possa comprar na loja do chinês.... Mais cedo que mais tarde, surgirão outras consequências – quiçá mais graves – deste “fenómeno” e uma delas certamente que dirá respeito ao comportamento relativamente à “coisa política” porque nem há “botão” para ser pressionado, nem os políticos deixaram de olhar para o próprio umbigo uma vez que continuam a não dar satisfação à tal pressa com que toda a gente quer que se façam as mudanças......Continuam muito distraídos (?). E como, na generalidade, não há uma massa crítica capaz de lutar pelos seus ideais, não será de esperar outra coisa que um desinteresse cada vez maior, o qual acabará por também pôr em perigo a Democracia.
Será isto o que se deseja? Estejamos atentos!

26 de setembro de 2004

ACABOU A DOENÇA MISTERIOSA

Foi finalmente esclarecido o “mistério” que “atacou” na Aldeia de Seara, em Ponte de Lima. O Instituto Ricardo Jorge acabou por identificar o agente causador da doença que alimentou o noticiário televisivo durante alguns dias e que pelo seu teor chegou a “alarmar” as pessoas que vivem na dita aldeia e arredores e quiçá algumas outras, menos avisadas, no resto deste atrasado país.
A extrapolaçâo para o caso do jornalista não especializado, autor das reportagens televisivas, faz-me lembrar aquela anedota do “feijão no ouvido do paciente.”
E agora? Esclarecido o caso, acabou-se o manancial produtor da notícia!
Que teria acontecido SE o director clínico daquele hospital durante a entrevista tivesse dado a sua opinião sobre qual seria o agente infeccioso e, agora, o veredicto do Instituto não a confirmasse? Cairia o Carmo e a Trindade com a agravante da opinião pública – estimulada pelo tom agressivo do entrevistador televisivo – passar a ser altamente desfavorável sobre o dito médico quando isso em nada adiantaria! O público teria ficado melhor esclarecido?
Só sob uma opinião induzida, alguém, mesmo que ignorante, pode pensar que um médico – só por ser médico – perante uma situação semelhante nunca erra.
Enquanto as condições não mudarem – o que será impossível enquanto se quiser empolar o acontecimento para dele se extrair material para mais notícias – fará muito bem qualquer entrevistado acautelar-se!
Ou o senhor jornalista ao dar conta do que conseguiu com uma notícia vulgar - que não merecia ser A Notícia - colmatou o exagero “recolocando o feijão no ouvido do paciente”?
Caberá agora à Autoridade Veterinária local o papel de actuar convenientemente e fornecer à população as informações adequadas.

23 de setembro de 2004

VET ON WHEELS

A necessidade espevita o engenho, e se melhor o pensou, melhor o fez, de facto: a falta de oportunidades de trabalho levou um médico veterinário a prestar serviços móveis de cardiologia por esse país fora.
Veja (aqui) a história completa de uma ideia magnífica: aproveitando formação complementar e específica no domínio da cardiologia no Reino Unido, este médico veterinário adaptou um veículo ao diagnóstico de patologia cardíaca, deslocando-se às diferentes clínicas e hospitais que necessitam do seu concurso.

Original no âmbito da Medicina Veterinária, esta solução fora já "inventada" na Medicina Humana desde os tempos da luta contra a tuberculose, com carrinhas móveis que se deslocavam às populações, instituições e empresas, provendo serviço de rastreio (intradermotuberculinização e radiologia) ou mais recentemente através das unidades móveis de medicina do trabalho, estabelecendo calendários de "despistes" exigíveis legalmente por aquele programa de medicina do trabalho, em que também os meios auxiliares de diagnóstico se deslocam aos trabalhadores.

Resta agora saber qual a classificação que a Ordem dos Médicos Veterinários vai dar a este tipo de unidade, já que o respectivo "Regulamento de Exercício de Clínica Médico Veterinária dos Animais de Companhia em Centros de Atendimento Médico Veterinário", não prevê este tipo de unidades.

Estamos em pulgas para ver!

22 de setembro de 2004

DECADÊNCIA

É usual verificar-se um acentuado desrespeito pelas normas de conduta em sociedade, especialmente por parte dos mais jovens, mesmo em alguns dos que frequentam os graus mais elevados do Ensino. Mas não só nos jovens!
Este comportamento resulta principalmente do facto dessas pessoas não terem sido ensinadas (educadas) a suportar de cabeça erguida as contrariedades que sempre surgem no dia-a-dia da vida, como acontece quando em criança todas as vontades são sistematicamente satisfeitas. Tais manifestações, mesmo aquelas que, para bem da formação do carácter dos próprios contestatários deveriam ter sido “contrariadas” em devido tempo não o foram e assim, sob o ponto de vista sociológico, o futuro está a tornar-se confuso e um tanto “perigoso”.
É evidente que aquelas normas não constavam de um “catálogo” adquirível numa qualquer banca de jornais, ou duma cartilha escolar. O seu ensino era ministrado pelos pais, pelos avós, pelos professores e, mais cautelosamente, até pela pessoa mais próxima através duma admoestação directa. Eram normas tacitamente admitidas e o desagrado pelos incumprimentos era de tal modo feito sentir que, em geral, só numa determinada “franja” da sociedade ele não dava resultado. Em tempos mais recentes, as manifestações de desagrado (mania dos fascistas) deixaram de ser feitas e de seguida uns quantos passaram, propositadamente, a não cumprir as regras como se tratasse de um desafio entre os que se consideravam a si próprios mais espertos, ou mais aptos e o resto...... A tal “franja” cresceu.
A confusão entre Autoridade e Liberdade acentuou-se e a falta de uma estratégia para contrariá-la – omissão devida, essencialmente, ao medo da contestação, aliás sistematicamente explorada por alguns quadrantes políticos – levou à situação actual, por sinal nada lisonjeira para os políticos em geral (a democracia não se constrói assim).
Os mentores desta situação deixaram deformar o conceito de Autoridade alegando temer o abuso por parte dos que a detinham, como se os abusos de poder só pudessem ser contrariados pelos próprios contestatários e não combatidos pela Justiça. Assim, o Estado de Direito é frequentemente molestado. Para cúmulo, tem-se deixado “correr o marfim”..... Agora é o que se vê!
Muitos pais abdicaram do dever de educar os filhos porque eles também não foram devidamente ensinados e muitos dos adultos que têm a incumbência de fiscalizar, controlar, passaram a ser ao mesmo tempo juízes, permitindo-se “perdoar” toda a espécie de infracções, das mais ligeiras às mais graves, ou fazer vista grossa, à sombra da tolerância.... Até a nível oficial muitos desvios das regras foram praticados sem se medirem as consequências sociológicas resultantes do povo constatar que, afinal, o exemplo não vem de cima..... E aumentou a corrupção!
Nem ataque ao âmago do problema, nem repressão; e de degrau em degrau desceu-se ao nível de pôr a própria democracia em perigo. Atingiu-se um ponto donde dificilmente se vislumbra uma saída sem uma Autoridade muito mais dura do que aquela que se pretendeu (?) evitar.
E já passaram 30 anos servindo a quem?

21 de setembro de 2004

DOENÇA DESCONHECIDA

Há três ou quatro dias que os midia, através de entrevistas, espalham ou acalentam o medo na população onde ocorreram meia dúzia de doentes com uma doença desconhecida e, ainda por cima, com duas mortes.
Habitualmente, os jornalistas, especialmente os da TV, exercem uma “pressão” tal sobre os médicos que estes, sem darem por isso, se deixam enredar em explicações nem sempre claras para os leigos que as escutam, contribuindo assim para aumentar a confusão, ao mesmo tempo que facilitam uma ascendência dos “midia” nem sempre susceptível de aplauso..... É certo que os midia podem desempenhar um papel importantíssimo na informação e no esclarecimento das populações (isso ninguém discute), mas o modo como actuam exerce uma “pressão” que faz com que os técnicos receiem errar, pois logo a TV e o “povo” lhes cai em cima e muitas vezes injustamente.
Por um lado, o excesso de cautela, por outro a inibição que as pessoas não habituadas às câmaras da TV sentem, faz com que os “discursos” surjam confusos, titubeantes, pouco claros e que, assim, seja transmitida sobre o entrevistado uma ideia de pouca segurança de conhecimentos, quando não de incompetência.
O presente “surto” – como tem sido chamado – é paradigmático do que acabámos de referir.
Na génese desta situação podem estar alguns factores, mas um me parece particularmente importante: A falta de especialização do jornalista sobre a matéria relativa à entrevista. Se atentarmos no que se passa no país, um mesmo jornalista tanto é despachado para cobrir um incêndio como para... perguntar a uma pessoa que acabou de perder um ente querido como é que ela se sente.
No caso da “doença desconhecida” ocorrida há pouco na área de Ponte de Lima, os médicos “desconfiam” do que se trata, mas como há outras hipóteses não querem arriscar a hipótese mais provável porque se as análises laboratoriais não confirmarem a suspeita logo serão declarados por toda a legião que ouviu a entrevista como incompetentes.
Mas a falta de especialização do jornalista é notória porque se ela existisse não só as perguntas feitas seriam de outro género como a oportunidade seria aproveitada para “informar” a população sobre vários aspectos que, clamorosamente, ficaram em aberto....
Todas as cautelas são poucas!

QUEM É O DESEMBARGADOR?

Não haverá grandes dúvidas sobre a natureza "política" do embargo ao comércio de bovinos, produtos de origem bovina e produtos bovinos, imposto a Portugal pela União Europeia; da mesma maneira que não subsistem quaisquer dúvidas sobre os fundamentos de natureza técnica e científica que sustentam o sequestro dos bovinos nacionais.
Quer dizer que, no quadro de funcionamento da União Europeia, temo até que não haverá "volta a dar" a tal condicionalismo, nem agora, nem no futuro, as decisões assentarão sempre em critérios de natureza exclusivamente política.
Por outras palavras: os aspectos de natureza técnica e científica estarão sempre subordinados aos de natureza política ou melhor, não basta que técnica e cientificamente se justifique "fazer" de determinada maneira, será necessário demonstrar que essa é a maneira correcta e equilibrada de se fazer, para que seja possível (politicamente) merecer uma decisão nesse sentido.
Apenas a estética e a arte conseguiram alguma emancipação desta "tutela".

Sem emitir qualquer juízo de valor sobre tal circunstância, esse não é o leitmotiv deste post, é evidente que dentro de certos parâmetros, a capacidade de exprimir um certo parecer científico e a qualidade desse parecer condicionam e determinam o sentido de uma dada decisão política.
Dentro de determinados limites, uma decisão desta natureza poderá ser tomada num determinado sentido ou no sentido exactamente contrário, ainda que a sua sustentação técnica e científica seja "de facto" a mesma.
No caso do embargo às exportações bovinas nacionais, os fundamentos parecem enquadrar-se no que ficou dito: os mesmos dados estatísticos e de avaliação da execução do programa de controlo em Portugal, sustentam dois sentidos de voto: a França votando contra e a Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido, votando a favor.
Sendo a base da decisão exactamente a mesma, a divergência de opiniões tem obrigatoriamente que se sustentar na latitude de análise permitida por esses dados, sem o que facilmente poderia ser posta em causa a credibilidade de um certo sentido de voto, como o voto contra da França.

Mesmo admitindo um maior ou menor nível de exigência, não é admissível que um conjunto de elementos estatísticos e uma avaliação da execução das acções revelando uma evolução positiva e deixando, sem margem para dúvidas, que, à luz dos indicadores estabelecidos pelo Office International des Epizooties (OIE), foram concretizados os objectivos mínimos, na perspectiva do levantamento do embargo, possibilite outro sentido de voto que não aquele.
A não ser assim, permito-me pensar que a apresentação de resultados pelas Autoridades Nacionais não obedeceu aos melhores critérios de natureza técnica e científica, pois assim sendo a "latitude de análise" a que antes aludi, estaria muitíssimo condicionada, tão limitada que seria ridículo votar contra, como a França continua a ameaçar fazer, apenas porque politicamente tal voto poderá ser o primeiro passo para o levantamento do embargo ao Reino Unido, abrindo portanto o caminho à abertura ao comércio do outro lado da mancha.

As movimentações diplomáticas podem ser muitas, mas o que lhes daria força seria, sem dúvida, um relatório de execução de actividade em Portugal, claro e objectivo, assente em conceitos correctos de epidemiologia e estatística, não deixando margem para dúvidas sobre o profissionalismo colocado naquela execução.
Penso que este não é o caso e por isso foi dada "margem de manobra" às Autoridades francesas; não se queixem pois do seu feitio terrible, cuidem antes de emendar a mão, os "técnicos e cientistas" responsáveis pela elaboração dos relatórios.

Não venham, em qualquer caso, lamentar a decisão do Desembargador, que afinal não vai desembargar nada, nem embandeirar em arco em caso contrário.
Já falta pouco, mais logo e quarta-feira será tomada uma decisão pelo respectivo Comité Permanente.
Aceitam-se apostas!

20 de setembro de 2004

MEU CARO MÉDICO

Não é com facilidade que, com uma frequência inusitada, nos vemos confrontados, já nem falo da iliteracia científica, mas da mediocridade intelectual de certos jornalistas e também com a estreiteza mental de quem com eles, por vezes, fala. Não sei se "as luzes dos holofotes" são capazes de bloquear algumas sinapses nervosas mas certo, certinho, é que muito boa gente quando colocada à frente duma câmara acaba por se baralhar, de tal maneira, com a linguagem que utiliza (entre o cientificamente pretensioso e a "banalidade" inteligível pelo cidadão comum), com a colocação no "ângulo mais favorável" (como se o perfil físico tivesse alguma coisa que ver com o "parceiro" intelectual), com o reconhecimento das capacidades e competências (que por ser auto-focada é geralmente distorcida), que na pior das hipóteses deixa tolhido qualquer mortal, quando não suscita um riso a bandeiras despregadas.

Vem a lenga-lenga a propósito da notícia que hoje inundou jornais e televisões sobre a "doença misteriosa" que atingiu mortalmente duas pessoas em Seara – Ponte de Lima.

Diz o Publiconline": "Em comum, os sete casos têm apenas os sintomas (febres altas, manchas amareladas no corpo e coma) e a origem: Seara"... devemos concordar que é uma grande apenas!... e mais à frente: "Duas semanas depois, o marido da senhora foi encaminhado, com os mesmos sintomas, para o CHAM [Centro Hospitalar do Alto Minho]...Em observação, e segundo avançou ontem o director clínico do CHAM, Adriano Magalhães, estão também os dois netos das vítimas. ", que raio, ninguém, entre os habilitados, fez referência aos factores de risco presentes... sempre julguei que com umas "attack rates" e um inquérito bem conduzido já teria sido possível ter pistas bem concretas e se esse é o sentido de análises sofisticadíssimas, a esse não menos mediático e não menos misterioso (para a população em geral) ADN. Então porque não se faz referência ao facto?

Mas aquela peça inclui uma outra preciosidade: "...o delegado de saúde de Ponte de Lima, Emídio Morais, ordenou o abate dos animais domésticos da casa, nomeadamente galinhas e um porco, que também estava doente, pedindo também a remoção dos dejectos animais.", mas tal competência não requer o concurso da Autoridade Veterinária? Mudou a Lei ou a competência legal para determinar o abate de animais, por razões sanitárias, está atribuída exclusivamente à Direcção-Geral de Veterinária? O Delegado de Saúde não sabia ou fê-lo com que concurso das Autoridades Veterinárias? Admitindo que a decisão possa ter sido, na prática, uma boa decisão, pelo risco que aqueles animais pudessem representar, coloca-se uma questão interessante: qual foi o destino dado aos cadáveres? Não me digam que não se preocupou a Autoridade Sanitária em proceder à sua destruição! Se realmente constituíam um perigo em termos de contágio, o seu enterramento (admitindo que o destino foi apenas esse) não será uma fonte de disseminação?
Entretanto o "Correio da Manhã" anuncia que: "O presidente da Junta de Seara, Cândido Afonso, já mandou abater os animais da família (porcos e galinhas), enquanto o delegado de Saúde, Emídio Morais, aconselhou a população da freguesia a não consumir a água dos poços."... enfim ficamos sem saber ao certo quem determinou o "abate sanitário". Afinal foi o Presidente da Junta ou o Delegado de Saúde? Em qualquer dos casos é curiosa a frase, já que a inumação do cadáver sempre poderia estar associada à contaminação freática.

Título no "Correio da Manhã": "Pânico em Ponte de Lima. VÍRUS MATA DUAS PESSOAS"
Título do "Diário de Notícias": "A origem da doença que atingiu 7 habitantes da Aldeia da Seara, em Ponte de Lima, ainda é desconhecida."

Interessante mesmo é como o raio da doença foi apelidada de misteriosa… parece que não havia melhor sinónimo de desconhecida, ou até como o desconhecido foi confundido com o "ainda sem diagnóstico definitivo".

Sem comentários... interpretem como quiserem... aceitam-se comentários!
Em particular do mais popular médico da blogosfera!

16 de setembro de 2004

VETERINÁRIO PRECISA-SE

Um semanário da região de Trás-os-Montes, na sua edição de 3 de Setembro pp., adverte para o perigo de extinção da Raça Mirandesa por haver falta de vitelos para futuros reprodutores....
Com tantos técnicos de gabarito estou certo de que tal não acontecerá, mas parece impor-se alguma observação credível sobre o pressuposto, não vá o diabo tecê-las.
Segundo aquela notícia, os agricultores que fazem parte da Associação responsável pela raça já reivindicam mais subsídios (sempre o subsídio!) ainda que seja quase certo que o problema, a existir, não se resolverá desse modo mas sim pelo cumprimento de certas regras técnicas e administrativas a par da mobilização de vontades e firme convicção – por parte dos agricultores envolvidos – de que a “meia bola e força” habitual não se pode aplicar a um problema deste género.

A culpa é do governo diria a vaca mirandesa Presidente do Sindicato dos Bovino da Raça Mirandesa..... se soubesse falar!
Os veterinários que se acautelem!

14 de setembro de 2004

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (3) (Dois erros clássicos)

O que se passa na Administração Pública relativamente à desmotivação dos funcionários é confrangedor. Embora se saiba, perfeitamente, que a inépcia dos decisores, inclusivamente na área das relações pessoais, é uma das causas da séria diminuição do desempenho do seu pessoal, o governo continua a não dar importância especial a este nível. Qualquer reforma que se faça não tendo em devida consideração a avaliação destes senhores estará irremediavelmente comprometida.
O governo dos USA – com mais de dois milhões de funcionários – desde há muito que faz uma avaliação pormenorizada das competências necessárias para o desempenho eficaz de qualquer função, não se compreendendo que no nosso país ela não seja feita e que o governo se proponha fazer uma reforma antes de implementar as bases desta avaliação. Esta atitude, só por si, demonstra a pouca (ou nenhuma) importância (falta de competência?) dada a esta questão mesmo ao nível mais alto da AP.
Por isso dizemos que entre nós continuam a ser praticados dois erros clássicos: - Um é pressupor que alguém que possua um qualquer conhecimento técnico especializado sabe, necessariamente, dirigir pessoal mesmo que as pessoas sejam tão diferenciadas como acontece na AP. Não significa que um técnico superior, só pelo facto de possuir uma licenciatura, tenha, necessariamente, capacidade de liderança. O outro erro, este bem mais grave, é partir-se do princípio de que este aspecto nem sequer deve ser discutido porque a decisão é sempre política e como tal quem é nomeado como decisor estará capacitado para decidir e ponto final.
É evidente que não se discute se uma determinada pessoa escolhida pela sua filiação partidária, ou pela sua afinidade política, não possa ser um bom decisor. Condenável é não se avaliar a sua competência em termos de Inteligência Emocional e de liderança antes de ser concretizada a sua nomeação.
É confrangedor ver tanta gente – capaz de efectuar o seu trabalho de maneira eficiente – estar tão descrente e tão desmotivada e acabar por se tornar negligente por o decisor nem sequer saber a importância que uma palavra de estímulo pode ter. Em contrapartida, ele próprio sabe que não será posto em causa porque o seu desempenho não será avaliado, ou que está imune pelo facto de ter sido nomeado por compadrio político.
Não é negligenciando estes aspectos que a nossa AP poderá alguma vez ser eficiente q.b., seja qual for a reforma que se faça.
Haverá algum VET que, sinceramente, duvide disto?

13 de setembro de 2004

VET MUNICIPAL / AMBIENTE

Quem está em contacto permanente com o campo – como acontece com um agricultor ou com um médico veterinário municipal – é quase impossível não reparar em certos factos que se repetem ciclicamente. Estamos a pensar na emigração de certas aves; no cair das folhas de algumas árvores; na construção dos ninhos; no início da floração; em possíveis comportamentos de uma grande série de “insectos” face às condições climáticas, como acontece, por exemplo, com o escaravelho da batata que tem a sua actividade condicionada ao Nº de horas de dia; enfim, num grande número de outros fenómenos.
Na vivência destas pessoas estes fenómenos podem ser tão corriqueiros, tão banais, que podem passar-lhes ao lado sem a sua atenção ser despertada. No entanto, creio, bastará um motivo e uma oportunidade para já não ser assim.
Motivo existe: está em curso uma certa alteração climática donde possivelmente resultarão perturbações em alguns habitats.
Oportunidade também existe, especialmente para o médico veterinário municipal, mesmo muito maior que para um biólogo. Ao médico veterinário municipal – se estiver para aí motivado – será fácil contactar com factos que o alertem para alterações (muito precoces) do ciclo evolutivo ou do habitat (por exemplos) duma carraça, duma ave, ou de uma borboleta......Mesmo que o médico veterinário não tenha tantos conhecimentos especializados como um biólogo, contudo, em relação a ele estará em nítida vantagem visto o problema das oportunidades de contacto com o objecto de estudo lhe ser francamente favorável.

Não há nenhuma alteração a um habitat que lhe tenha chamado a atenção?
Não deu conta de alguma alteração climática susceptível de interferir com a vida dum determinado insecto, por exemplo um mosquito?
Estamos numa época em que a valorização pessoal é indispensável e a competição acesa!

DOBAR A MEADA

É uma das melhores metáforas ao trabalho de equipa e sobretudo ao saber dar e receber.
Dois braços esticados que se agitam e se ajeitam ao ritmo do novelo que se enrola, dando fio a uma velocidade regular e sem deixar que estique ou afrouxe demasiado. Outras duas mãos que giram e reviram sobre si arrumando o fio num fofo novelo, ao ritmo em que a meada se vai libertando, e em pequenas "aduelas" que o não deixam desfazer.
Não sei se por saudades da infância, em que me "fartei" de ajudar a dobar meadas, se pela firme certeza que a maior parte das coisas só funciona se houver espírito de equipa, de dar e receber, o certo é que bem podiam pôr os alunos das Escolas, Faculdades ou Universidades, em particular os cursos de Medicina Veterinária, a dobar meadas durante os quatro anos que dura a licenciatura (sim… com a implementação do
processo de Bolonha vão ser quatro...).

A propósito do processo de Bolonha e relativamente ao Veterinário que se precisa para o futuro, não era nada mau que o ensino/aprendizagem de dobar meadas incluísse alguns princípios básicos:
- dignidade: saber gerir e dirigir uma "organização veterinária";
- responsabilidade: na conduta profissional e ética;
- integridade: no trabalho de equipa e na relação com os colegas;
- honestidade: sobretudo de natureza intelectual;
- sabedoria: das ciências em que se baseia a profissão médico-veterinária;
- humildade: saber quando e a quem pedir ajuda profissional;
- franqueza: na comunicação, com os clientes, os colegas e as autoridades;
- curiosidade: saber manter os conhecimentos profissionais actualizados;
- rectidão: na elaboração de relatórios, na prescrição de medicamentos e na emissão de certificados;
- probidade: na aplicação da lei, seja ela qual for;
Como o calendário de aplicação do processo de Bolonha não espera pelos distraídos, aqui fica a colaboração do Veterinário precisa-se… para esses lembramos que a sua implementação está prevista para 2005-2006, não sabemos é qual vai ser o input da profissão no processo…

11 de setembro de 2004

E VÃO SEIS

Claramente à frente na União Europeia!
Um novo dado estatístico vem colocar Portugal na vanguarda, infelizmente, uma vez mais, não pelas melhores razões.
Não se trata da taxa de analfabetismo, nem das taxas de abandono escolar, nem, tão pouco, das taxas de insucesso dos estudantes do ensino superior, trata-se tão simplesmente de mais um curso de Medicina Veterinária.
Desta vez a iniciativa foi da Universidade Lusófona, anunciando nove protocolos com entidades privadas e instituições públicas.

Somos, de longe, o país da União europeia, provavelmente do mundo, que tem maior número relativo de cursos de Medicina Veterinária. Das duas uma: ou são realmente necessários (o que ninguém no seu perfeito juízo acredita), ou não passam de projectos que se objectivam em si próprios, omitindo o destino que estarão a dar aos futuros licenciados (o que parece realmente verdade).
É mais que sabido que o número de profissionais existentes no país, mau grado algumas carências pontuais e marginais, particularmente no domínio da Administração Veterinária, vai dando e sobrando para as necessidades…
É mais que sabido que o número de profissionais que anda por aí "ò tio, ò tio" a saber de trabalho, é mais que muito…
É mais que sabido que ao contrário do que muitos alegaram no passado, o aumento da oferta não resultou em aumento da qualidade, diria mesmo, antes pelo contrário…
Então onde reside a Autoridade para travar semelhante dispersão de recursos, intelectuais, físicos e financeiros? Para devolver ao "cliente" (pais e alunos) um futuro condizente com as expectativas criadas e o investimento produzido? Para dar à sociedade aquilo que se exige e não aquilo que possam ser, ainda que legítimas, as ambições pessoais ou empresariais de alguns elementos dessa sociedade?
Impressionante parece ser a capacidade da Ordem para manifestar o seu parecer e até dá-lo a conhecer.
Quando surgiu o terceiro projecto de ensino da Medicina Veterinária, patrocinado pelo Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar, depois de Lisboa (Gomes Freire/Ajuda) e Vila Real (Qta dos Prados), houve um grande sururu com o número de Veterinários que para aí vinham… afinal depois disso viram à luz Évora (Mitra) e Coimbra (Mosteiro de S. Jorge) e agora de novo Lisboa (Campo Grande) e nada!...
Curioso é igualmente o anúncio de protocolos com a Direcção-Geral de Veterinária (DGV), o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) e o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI). Em que se baseiam esses protocolos? Ou são extensões educacionais da Universidade que superam deficiências de ensino do próprio curso, ou são complementares do ensino ministrado e neste caso não se entende o anúncio em si.
Invocar estes tipos de protocolo, sem deixar claro o seu conteúdo, parece configurar publicidade enganosa.
Seja como for, deixo apenas um motivo de reflexão: porque será que países com a dimensão populacional semelhante à de Portugal e até maiores, não têm, nem de perto, nem de longe, tão grande número de cursos de Medicina Veterinária?

8 de setembro de 2004

VETERINÁRIO PRECISA-SE

Para exterminação de praga de carraças...
A notícia que há dias subiu ao ecrã da televisão (pelo óculo da TVI, salvo erro), não seria digna desse destaque, mesmo considerando o insólito da circunstância: associado à morte de dois cachorros, umas dezenas de carrapatos "emigrou" para outras paragens, naturalmente em busca de um novo senhorio...

É uma daquelas notícias que geralmente ocorre na emissão dos "tele-regionais", com um impacto não desprezível, a esse nível, exactamente por falar e mostrar, de pessoas e locais "bem conhecidos".
Também, por este motivo, se esperaria que a notícia abordasse duas perspectivas interessantes: os aspectos técnicos decorrentes do Bem-Estar Animal, já que a morte dos canídeos pareceu estar associada a negligência grosseira dos donos e as consequências que poderiam ocorrer no domínio da Saúde Pública.
Esperava-se que o jornalista recorresse ao douto parecer do Médico Veterinário Municipal. Na verdade quem melhor estaria em condições de tecer considerações sobre os aspectos de Bem-Estar Animal e de Saúde Pública? Não temos a mínima dúvida: a Autoridade Sanitária Veterinária Concelhia!
Mas não... ao jornalista só lhe terá ocorrido pedir a opinião do Delegado de Saúde, que por sinal se encontrava de férias (não se sabe se o jornalista terá solicitado a presença do substituto).

Ficamos na incerteza sobre o papel do Médico Veterinário Municipal.
Será que o canal televisivo em causa desconhece a existência desta Autoridade? Se for este o caso caberia à Autarquia colmatar essa falha e até mesmo à Ordem profissional emitir reparo ou de qualquer modo desenvolver iniciativa nesse sentido.
Não sabemos o que aconteceu! Alguém nos pode esclarecer?
Será que não foi sequer considerado o eventual recurso à Autoridade Sanitária Veterinária Concelhia? Mesmo sabendo-se da sua existência? A ser assim o caso parece ainda mais grave pois a "Autoridade" só o é em termos formais, na realidade ela não foi reconhecida. Neste caso não se justificaria igualmente uma intervenção da Edilidade e da Ordem, no sentido de repor esse reconhecimento?

Ou será que na Câmara Municipal de Cantanhede não há lugar (ou não está preenchido) de Médico Veterinário Municipal?
Também não sabemos! Alguém poderá esclarecer?

7 de setembro de 2004

difficile est saturam nom scribere

É preciso também saber usar a cabeça, que sobretudo num vet deve fazer uma grande diferença da dos animais.
vetatento

É difícil não escrever sátiras… de facto, numa sociedade como a nossa.
Seria essencial usar a cabeça, ou melhor a massa cinzenta. Seria importante que:
- a actualização de conhecimentos fosse efectiva e não apenas um conjunto de diplomas;
- os certificados correspondessem à verdade;
- a prescrição fosse dirigida apenas a animais que pessoalmente se acompanhou;
- a abstenção de publicitar ou propagandear a actividade fosse real.

6 de setembro de 2004

DESCUBRA AS DIFERENÇAS

Estas duas imagens são diferentes em oito pequenos detalhes, Será que os consegue descobrir?


(soluções em próximo post) Posted by Hello

NÃO ESTAMOS SÓS

Diz a National Aeronautics and Space Administration (NASA) ter descoberto uma nova classe de planetas extra-solares: rochosos do "tipo Terra", orbitando em torno de um sol e de uma dimensão do "tipo grande Terra".
"Ultrajante…" afirma Nuno Santos, astrónomo português que integra a equipa do European Southern Observatory (ESO), que em 22 de Agosto passado anunciara o mais característico daqueles planetas até hoje descoberto… atrapalharam-se os americanos por chegarem "um pouco" depois…
Não é para admirar: quem disse que, também nos meios científicos, não há ciúmes, nem invejas?
Polémicas à parte, estão de parabéns a ESO, a sua equipa e o "nosso" Nuno Santos.
O projecto de pesquisa deste tipo de planetas, semelhantes à Terra, visa a identificação de condições para a vida fora do Sistema Solar; não confundir com extra-terrestres (ET).

Aliás, a propósito de confusões, nada de baralhar com a sigla VET… não! Não se trata de Veterinários Extra-Terrestres! Embora os haja que são igualmente difíceis de encontrar: nos municípios, no local de abate (on the spot…), no momento da emissão de um certificado, da colheita de uma amostra para exame, de constatar as condições físicas de recepção de produtos alimentares.
Aposto que é mais fácil o astrónomo Nuno Santos encontrar um exo-planeta que alguns desses VET, de qualquer modo aqui fica a nossa mensagem para esses:


This plaque was launched with Pioneer 10 and 11 in 1972 and 1973 respectively. It was designed to explain to 'scientifically literate' aliens when the Pioneers were launched, who launched them, and where they came from.

Cá ficamos aguardando alguma mensagem de resposta ao nosso apelo, pois sabemos que não estamos sós…

4 de setembro de 2004

UM COELHO DA CARTOLA

O anterior governo, pela mão do Primeiro-Ministro, Durão Barroso, do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Sevinate Pinto e do Secretário de Estado Adjunto e das Pescas, Frazão Gomes, propunha-se apresentar uma "reforma" do Sector Público Administrativo que tutela os "assuntos veterinários".
A proposta previa uma boa clarificação das diferentes componentes e das diferentes responsabilidades do sector: a Agência para a Qualidade e Segurança Alimentar (AQSA), responsável pela avaliação e comunicação dos riscos no âmbito da segurança alimentar; a Direcção-Geral de Veterinária e Alimentação, como Autoridade Sanitária Veterinária Nacional e por isso responsável pela gestão daqueles riscos e a Inspecção-Geral de Alimentação, responsável pelo "policiamento" das actividades contrárias à Lei, sempre no domínio da Segurança Alimentar.
Com a tomada de posse do governo liderado por Santana Lopes e tendo particularmente em conta o perfil da actual equipa de governantes no Ministério da Agricultura, não foi sem surpresa que no seu sítio fomos dar com a intenção de cumprimento da Resolução do Conselho de Ministros n.º 131/2002.
Aliás a notícia é ainda mais surpreendente, o Conselho de Ministros de anteontem (2 de Setembro) aprovou a Lei Orgânica da APSA (afinal mudou de nome… nós que gostávamos tanto de AQSA…), é caso para dizer que saiu um coelho da cartola…

3 de setembro de 2004

METE-ME CÁ UMA RAIVA…

Um caso de raiva num cachorro está a deixar a França em polvorosa… é que o animal (este aqui)

terá "pregado" algumas dentadas e distribuído outras tantas mordidelas, supondo-se que as mesmas tenham tido consequências graves para as vítimas.
O alerta do Director-Geral de Saúde francês dirige-se a todos os potenciais "mordidos", pois que o animal andou com o dono por diversos festivais de verão do sudoeste de França e sabe-se lá quantas vezes terá feito o gosto ao dente… ainda por cima numa população deslocalizada, implicando aspectos de natureza epidemiológica muito interessantes, bom… não na óptica dos mordidos.
É que Gilles Brucker, Director-Geral do Instituto de Vigilância Sanitária francês, declarou que a raiva é "…a única doença infecciosa mortal a 100%...", ainda bem, pois que se fosse mortal aí a uns 80% não seria caso para tanta preocupação...
Como o caso envolve uma população desconhecida e potencialmente incluindo estrangeiros, o alerta foi já generalizado pela Comissão Europeia a todos os Estados Membros… atenção portugueses! Quem foi até França a algum dos festivais de verão (Périgueux - 5/8; Miramont de Guyenne - 7 a 8/8 e Libourne - 12 a 14/8) e ainda não esqueceu aquela ferradela irritante do cão do vizinho…
DIRIJA-SE RAPIDAMENTE AO CENTRO DE SAÚDE MAIS PRÓXIMO E INFORME AS AUTORIDADES!
Aqui fica o nosso contributo!
Para a gravidade do caso parece que pouca foi a publicitação dada… o que dizem as Autoridades sobre o caso? Uma espreitadela ao site do Ministério da Agricultura, do Office International des Epizooties, da Comissão Europeia e da Autoridade francesa é esclarecedora…
notícias só nas "páginas" da Comissão e do Instituto de Vigilância Sanitária Francesa… e o que dizem os profissionais? Bom a Ordem dos Médicos Veterinários, nada… a Federação dos Veterinários da Europa, também não…

Mas a história não acaba aqui! O animal em causa foi importado irregularmente de Marrocos em Julho passado, facto que levanta, uma vez mais, a questão pertinente dos passaportes de animais de companhia (designadamente cães e gatos).
Alguém conhece o passaporte português? O Veterinário Precisa-se… não! Nem tão pouco o modelo a utilizar em toda a União Europeia! O que pensam os Médicos Veterinários dessa questão? Aceitam-se sugestões, opiniões e palpites!
O que pensam as Autoridades portuguesas sobre o tema? Desconheço! Tanta falta de iniciativa mete-me cá uma raiva...

VETERINÁRIOS ANÓNIMOS

Só por brincadeira se poderia pensar tratar-se de uma analogia com os alcoólicos anónimos… de facto a natureza anónima dos alcoólicos visará salvaguardar o ostracismo social, constituindo também fundamento espiritual da auto-estima e do respeito por princípios.
Não tememos o ostracismo, embora nos pautemos por princípios, afinal nem estamos em Atenas, nem sujeitos à "assembleia do povo", nem tão pouco abdicamos do direito à crítica… séria, honesta e responsável e isso não é solúvel no anonimato.
O poder dos argumentos vale mais do que as individualidades que os esgrimam, embora por cá nem sempre assim seja e muitas vezes a exposição dos argumentos começa por: não sou eu que o digo, mas sim Beltrano…
Não que o anonimato deste blog seja motivado por esse tipo de pudor, de facto não… ele é produzido por anónimos, nada intelectuais ou aristocráticos… apenas cidadãos e profissionais atentos às questões que os afligem dia-a-dia.
Não confundimos o direito à crítica com a injúria ou a ofensa, e essa é objectivamente uma fronteira que estabelecemos, sem grande dificuldade, não sentindo sequer necessidade de a impor… esse é um princípio básico pelo qual nos pautamos, fluindo, por isso, intuitivamente.
Faz parte daquela fronteira um outro valor: o da verdade, do fundamentado… mais do que firmes convicções (essas também existem), os argumentos assentam na verdade dos factos ou são sustentados pelos dados e essa verdade vale mais que o anonimato, direi mesmo que está muito acima dele e por isso, muito para além das "individualidades" que defendem esta ou aquela perspectiva das coisas.
Nem por isso a crítica deixa de ser mordaz, porque irónica ou jocosa, bem-humorada, valorizada por esse destaque e nesta perspectiva por vezes satírica, mas nunca ofensiva, em transgressão ou difamatória.
Infelizmente também não é o anonimato que nos põe a salvo das angústias e ansiedades que os temas que abordam suscitam, mas a forma responsável como os encaramos.
Não é uma intervenção clandestina, embora resista contra alguns poderes instalados, mas nem por isso sugere qualquer promessa de futura quebra do anonimato, ainda que contrariando esses "poderes".
Mesmo correndo o risco de injustificado, o anonimato continuará a ser o condimento deste blog, mas sempre responsável, verdadeiro, bem-humorado e não ofensivo.
Estamos de volta.